Enquanto a religião prega a santidade através da castidade e o que não é santo é profano e pecaminoso, no tantra, existe uma outra perspectiva onde o desejo carnal é o desejo do espírito.
Entenda neste post a filosofia tântrica ocidental e a validação da sexualidade como algo legítimo e divinatório!

Tantra: A filosofia entre a santidade e a profanação
Muitos se perguntam se o tantra é sexo, ou um codinome usado para qualquer prática sexual, e a resposta é não. O tantra é uma filosofia que difere da religião e baseia-se no fundamento do autoconhecimento.
O tantra tem como princípio o autoconhecimento corporal e logo, para entender de uma vez por todas o que é tantra é preciso desligar a chave do pensamento cristão, que faz até mesmo com que os profissionais da prostituição se autoconsiderem indignos.
Como tantrista não nego o fato de que a procura do serviço de massagem tântrica esteja diretamente ligada ao serviço de prostituição por quem o procura, dado justamente à consciência coletiva da crença em um “Deus pai” e condenador proporciona ao formar uma cadeia psicológica de “escapadinha” ou culpa da qual vivem os moralmente superiores.
No entanto, são justamente esses os que mais precisam de um serviço de cura e transmutação sexual, que eleve a sua sensibilidade corporal para um nível mais interno de encontro com verdades que dentro do estigma social seriam difíceis de suportar.
Haja vista que dentro do protocolo red tantra por exemplo o limiar seja curto, onde a sexualidade, intimidade e afetividade são trabalhadas dentro da ritualística tântrica, em que muitos ainda que esclarecidos, porém céticos, são incapazes de atravessar as grades da exacerbada MORAL e confundirem o ponto em que a ética é a inimiga número um da dita cuja.
A sexualidade no tantra e seu viés psicanalítico
Quando falo sobre transmutação sexual não falo somente sobre a categorização afetiva que se engloba a sexualidade, falo também das nuances que todos vivem internamente, e dos detalhes e pequenos desejos que nunca são ouvidos.
Logo, cabe dizer também qual é a representatividade das figuras deíficas, também chamados de deuses, na filosofia tântrica.
No oriente, Shiva e Shakti são a representação do que chamamos de Sagrado Masculino e Sagrado Feminino respectivamente. No ocidente, A Grande Besta e Babalon são o equivalente a essas representações.
Quando falamos nos sagrados, não só estamos dizendo que todo indivíduo tal qual seu lado emocional e racional representam um lado feminino e masculino dentro de si, mas também a respeito da mecânica do grande executor de nossas ações imperceptíveis no dia a dia, o INCONSCIENTE.
Nele se faz morada duas forças da qual a psicanálise nomeia como Tanatos, a pulsão de morte que aqui se faz valer a perspectiva filosófica de Shiva ou a Grande Besta e a libido ou Eros, a pulsão de vida, representada por Shakti e Babalon.
Assim, a voracidade e a libido devem ser trabalhadas nos indivíduos de forma que Babalon seja a domadora da Grande Besta, onde sem a energia criativa vindo da libido, a voracidade que mora em cada um de nós se torna agressividade.
Aqui não vou entrar em pautas sociais, mas alguém aí conseguiu identificar o que está por trás da ação, principalmente dos homens, em algumas?
A carência do autocuidado masculino e a invalidação do seu espectro sexual
Diferentemente do contexto feminino, onde festas do pijama estimulam a aproximação da intimidade e afetividade mulher com mulher, homens pouco encontram o estímulo afetivo em seus meios, onde as conversas são majoritariamente uma construção social de uma masculinidade tóxica a si próprios.
O homem enxerga sua sexualidade de forma diferente da mulher, que dá vazão a seus instintos afetivos com maior atenção e consegue domar os instintos mais animalescos dessa forma, isto é, a deusa Babalon sobre a Grande Besta.
Já o homem se torna escravo de sua libido. O vício em pornografia é um bom exemplo da vasão dessa energia mal trabalhada, assim como das frustrações internas, colapsos e prostração diante da pressão social sobre o estigma de provedor.
O chakra básico localizado na região perineal não é trabalhado. A zona erógena termina na base do falo e os lugares para que a vazão de tal energia seja efetivada são inóspitos para eles. E este círculo se fecha com tudo aquilo que mencionei no início deste texto.
O pensamento holístico e a chave do eu
O termo holístico é descrito como o entendimento integral dos fenômenos. Portanto, mente, corpo e espírito são um só.
Somos espíritos na matéria, nossa mente se conecta ao plano espiritual e o corpo é o canal de manifestação de tudo o que como espíritos queremos produzir na matéria. Além disso, ainda temos nosso campo energético e emocional, onde o emocional liga a mente ao espírito e o energético liga o espírito ao corpo. Com isso, tudo se faz ao espírito, pelo espírito e vem do espírito.
A religião prega que o instinto sexual é uma característica inferior da humanidade perante ao restante da existência (cosmos) e assim, a sua repressão leva ao troféu de iluminação.
Em contrapartida, no tantra, toda a existência superior considera a energia sexual como o único canal ao criador, que é a nossa pulsão de vida, a libido, a energia da criação, o sagrado feminino, pois para toda e qualquer criação existe a união de um princípio feminino gerador e um princípio masculino voraz e executor.
Logo, a ideia construída pela religião e o contexto social que a acatou, de que a sexualidade seja algo apartado da espiritualidade é o que nos tornaria meros aprendizes diante de todo o cosmos. Claro, ainda insistimos na ideia de que a libido é tentação e não a genuína energia da criação e apenas dentro de um contexto matrimonial essa ideia é validada pelos defensores da moral e quando a Grande Besta se levanta por trás de seus atos falhos, seu nome é Diabo.
Contudo, para encerrar é válido lembrar o sábio e valioso mantra de expansão de consciência: Interessante ponto de vista que eu tenho um ponto de vista.
Ótimo trabalho a todos!
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