A Professora de Piano é um filme do gênero drama psicosexual dirigido por Michael Haneke.
O filme nos conta sobre uma professora de piano solitária que é seduzida por um de seus alunos.
Com inúmeras questões abordadas pelo filme, falaremos aqui sobre a parafilia, sexismo, gerontofilia e a falta de informações psicológicas e educativas sobre sexo que culminam no ato final.
O que acontece no filme A Professora de Piano?
ALERTA DE SPOILER. Após se beijarem em um banheiro e a protagonista impor sua forma de conduzir a relação, ela revela ao rapaz em uma carta alguns de seus fetiches masoquistas, onde enojado o rapaz que dizia amá-la, a abandona.
A professora de piano então tenta seguir sua vida, administrando seus desejos reprimidos da forma como antes fazia, com pornografias e voyeurismo no drive-in.
Mas sem sucesso ela procura o rapaz que a humilha verbalmente, fazendo com que ela aceite o abuso como forma de obter aquilo que espera no ato sexual.
No final do filme, somos chocados com a forma que o rapaz é afetado, pondo seus conflitos internos frente aos pedidos da professora, cena em que a espanca brutalmente, indo além do roteiro predeterminado pela mesma na carta, antes escrita e lida na frente do rapaz.
Por que o rapaz fez aquilo com a professora de piano?
Inicialmente o rapaz nos mostra uma faceta cheia de ternura e benevolência, dizendo amar a professora de piano.
Já ao ganhar sua confiança e um segundo encontro, sai saltitando mostrando que aquela poderia sim ser uma mera conquista.
Ao se deparar com os planos dela para a relação sexual dos dois, ele se mostra incomplacente com seu fetiche, dando a perceber seu baixo entendimento, que apesar de achar perturbador os pedidos dela, a parafilia (fetiche) de dominação, é algo absolutamente comum, independente da época.
Inclusive, o contexto da época não será abordado, já que o filme se passa em uma sociedade contemporânea, onde os ensinamentos de Freud já eram aplicados em clínicas psicanalíticas por todo o globo.
Voltando então, sua atitude ao humilhá-la no vestiário quando ela o procura, mostra em sua fala e atitude, o ar sexista e gerontofilia, onde o fato de ela dominar a relação, seria inadmissível para suas crenças e valores machistas…
Assim como, o fato de ele se sentir atraído por ela e a conquistar, mas estar com ela sempre às escondidas, já se tratava de sua gerontofilia, nos levando também a acreditar que a dominação daquilo que tinha aversão (uma mulher chegando a terceira idade), o fazia se sentir melhor consigo mesmo.
Essa nova faceta em contraste com a faceta inicial, mostra que a idade da professora de piano, foi algo crucial tanto para a sua aproximação, quanto para a repulsa perante suas parafilias, que aos seus comentários soavam a si próprio, discrepantes com a idade dela.
Já na cena final, o que nos parece à enfim aceitação do pedido da mulher, se torna um show de horrores onde o ódio e a discriminação, dão lugar a atrocidades que jamais deveriam ser replicadas a qualquer ser vivo.
Qual é a lição do filme A Professora de Piano?
Bom, nitidamente um filme atemporal, mostra um rapaz e uma mulher de meia idade, se relacionando com seus próprios desejos de forma irresponsável.
É interessante apontar o principal fato que poderia tornar a história de ambos com um destino mais agradável, se é que o caráter do rapaz permitisse que meramente, uma boa educação sexual o faria ter outras atitudes.
Mas sim, uma educação psicocomportamental não seria de pequena ajuda, o que também, nos faz pensar que o que se esconde por trás das fachadas da personalidade que tentamos imprimir ao mundo, pode se virar contra nós.
Os desejos reprimidos potencializam a aceitação de abusos emocionais e físicos como no caso dela, assim como podem trazer à tona comportamentos abusivos, tóxicos e com rompantes de raiva, como no caso dele, comportamentos inclusive que inconscientemente sabotam diversas áreas da vida dia após dia.
Se você se identificou com o filme A Professora de Piano, o que pode fazer a respeito?
Enquanto as escolas não dão uma digna educação sexual, nos fazendo entender sobre parafilias e desejos reprimidos, ou ainda uma educação psicológica para lidar com eles, é interessante absorver para nós mesmos a responsabilidade emocional de cuidar das nossas crenças e desejos.
Algumas crenças, especialmente aquelas que prejudicam a si próprio e a outros, podem ser desconstruídas com a identificação de traumas que as criaram.
Já os desejos, especialmente os sexuais e saudáveis (quanto a saudável me refiro àqueles que não prejudicarão outras pessoas), esses devem receber sua devida atenção, e devida evasão, já que são através deles que criamos a nossa realidade.
Procure um psicanalista ou a terapia tântrica
Falar sobre o que te deixa obsessionado é um bom começo, quanto a isso é recomendável um profissional de psicanálise que detém um treinamento para conduzir a sessão sem interrupções da fala e livre de julgamentos, identificando o padrão comportamental, especialmente o que pode estar prejudicando algumas áreas da sua vida, seja amorosa, social ou profissional.
Já a terapia tântrica pode te ajudar a suprimir desejos obsessivos, fazendo com que a sexualidade e a espiritualidade se unam, como a própria filosofia tântrica diz ser.
Te vejo no próximo post! Aliás, se ainda não assistiu ao filme, o filme está disponível na Mubi com assinatura grátis de 7 dias. Vai lá, assista e deixe seu comentário sobre o que achou. E também se gosta de ler histórias como esta, indico “te perguntei onde estava… você disse para sempre”.
Esse filme eu não vi